7 chaves para cuidar de alunos com autismo: práticas baseadas em evidências
1. O que são as práticas baseadas em evidências?
Segundo a Associação Americana de Psicologia (American Psychological Association) as práticas psicológicas baseadas nas evidências são aquelas intervenções que integram resultados eficazes derivados da pesquisa e do julgamento clínico de profissionais experientes nas características do indivíduo com TEA, sua cultura, assim como suas preferências individuais.
2. Mudanças na concepção dos TEA
Para entender as diversas mudanças na intervenção dos alunos com TEA, é preciso considerar que é um transtorno relativamente recente, basta lembrar que Leo Kanner fala pela primeira vez dos “transtornos autistas do contato afetivo” em 1943.
Além disso, em seu estudo podemos distinguir três períodos em que a compreensão do transtorno e, portanto, sua intervenção, basearam-se em concepções diferentes. Por outro lado, as mudanças nos manuais de diagnóstico geraram grandes controvérsias e algum desconcerto em diversos setores. E, finalmente, entre outros elementos, a própria heterogeneidade tanto na apresentação do transtorno quanto na sua evolução implicou que o tipo de intervenção com estes alunos tenha sido muito inconstante ao longo do tempo.
3. Quais são os principais dilemas na resposta educacional aos alunos com TEA?
Hoje em dia, alguns dos dilemas principais no atendimento aos alunos com TEA giram em torno de: quais características as escolas precisam reunir para garantir a melhor escolarização, como equilibrar os aprendizados do currículo geral e do currículo específico que esses alunos necessitam, quais estratégias metodológicas seriam mais eficazes para sua educação e como avaliar a evolução e os progressos educacionais.
As práticas baseadas em evidências estão diretamente vinculadas ao dilema relacionado a como ensinar, ou seja, quais estratégias metodológicas são as mais eficientes para os alunos com TEA no contexto educacional em que escolarização deles ocorre.
4. Por que as práticas baseadas em evidências no atendimento ao estudante com TEA estão atraindo a atenção?
Nos últimos anos, a escolarização dos alunos com TEA passou progressivamente por grandes mudanças já que se começou a investir em uma escolarização em contextos educacionais comuns em vez de instituições específicas. A Espanha não é exceção e praticamente todas as Comunidades Autônomas implantaram propostas educacionais específicas para que os alunos com TEA possam avançar na sua escolarização em instalações não especializadas, combinando um atendimento intensivo e especializada com os aprendizados em suas salas de aulas de referência junto com seus colegas.
Esta situação, entre outras repercussões, gerou duas necessidades prioritárias por parte dos docentes. Por um lado, a urgência de incorporar estratégias de intervenção educacional que possam ajustar-se aos contextos usuais, o que torna a aplicação dos tradicionalmente chamados modelos globais ou abrangentes de tratamento para alunos com TEA extremamente complexa.
A segunda demanda se relaciona à necessidade de materializar os princípios gerais de intervenção, compilados pela maioria dos manuais teóricos, em práticas concretas apoiadas pela pesquisa e altamente eficazes. Ou seja, as práticas de intervenção baseadas em evidências.
5. Onde posso encontrar informações sobre essas práticas?
Diversas agências, organizações e instituições realizaram interessantes trabalhos de revisão dessas propostas a fim de estabelecer e identificar quais práticas, que contam com evidências científicas, são as mais eficazes. Entre as diretrizes espanholas cabe destacar o “Guia de boa prática para o tratamento de TEA, do Grupo de Estudo dos TEA do Instituto de Saúde Carlos III” e a publicação “Avaliação da eficácia das intervenções psicoeducacionais nos TÉA”, do Instituto de Pesquisa de Doenças Raras, o Instituto de Saúde Carlos III e o Ministério da Ciência e Inovação.
No âmbito internacional, uma das diretrizes mais relevantes é a desenvolvida pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Profissional para o Transtorno do Espectro Autista (CNDP), que é descrito em mais detalhes a seguir.
6. Algumas informações sobre o Centro Nacional de Desenvolvimento Profissional para o Transtorno do Espectro Autista (CNDP)
O trabalho do Centro Nacional de Desenvolvimento Profissional para o Transtorno do Espectro do Autismo (CNDP) se foca no desenvolvimento de recursos professionais gratuitos para docentes, terapeutas e prestadores de assistência técnica que trabalham com pessoas com TEA.
Na sua origem, foi financiado pelo Escritório de Programas de Educação Especial do Departamento de Educação dos EUA.
O trabalho do CNDP em torno das práticas baseadas em evidências na intervenção de alunos com TEA é o resultado da colaboração entre três universidades: a Universidade da Carolina do Norte, a Universidade de Wisconsin em Madison e o Instituto MIND na Universidade da Califórnia em Davis.
7. O que é o CNDP?
Nessa diretriz (https://autismpdc.fpg.unc.edu/evidence-based-practices) são comentadas vinte e sete práticas baseadas em evidências muito úteis para a intervenção com os alunos com TEA o âmbito educacional desde o nascimento até os 22 anos de idade.
As 27 práticas são apresentadas agrupadas nas principais áreas passíveis de intervenção com os alunos com TEA: área social, comunicativa, comportamental, de atenção conjunta, lúdica, cognitiva, preparação para a vida escolar, acadêmica, motora, adaptativa, profissional e de sanidade mental.
Finalmente, convém destacar que para cada uma das práticas são fornecidos relatórios práticos sobre como implantá-las, referências bibliográficas para determinar sua eficácia, métodos usados para sua avaliação, bem como recursos on-line para implantação e treinamento dos professores.