Dez fontes de inspiração para debater questões de gênero na escola
Por: Gina Vieira Ponte de Albuquerque.
Trabalhar as questões relacionadas à igualdade entre homens e mulheres na escola é fundamental, se o que pretendemos é oferecer uma educação com qualidade social e que tenha condições de promover as transformações que desejamos. Para que essa tarefa seja efetiva, é importante que educadores e educadoras obtenham subsídios para compreender o tema e levá-lo para a sala de aula, a partir da abordagem apropriada.
Abaixo, listamos conteúdos que podem ser fontes de inspiração para o desenvolvimento de projetos pedagógicos, que colaborem para o fortalecimento da identidade das meninas e para o questionamento das masculinidades hegemônicas adoecidas por parte dos meninos.
1. O corajoso coração de Irena Sendler (2009)
O cinema pode ser um valioso instrumento didático para discutir outras possibilidades identitárias para as meninas, a partir do estudo da biografia de grandes mulheres. No filme, Irena Sendler foi uma enfermeira que viveu em Varsóvia, na Polônia, no período da ocupação alemã. Ao perceber a tentativa do regime nazista de extermínio dos judeus, ela decide empreender várias ações para salvar as crianças judias. Utilizando diferentes estratégias, Irena evita a morte de 2.500 crianças.
*Este filme está disponível no catálogo do Netflix.
2. Encontros de Interrogação – Conceição Evaristo
Para qualificar o debate sobre gênero, violência contra as mulheres e igualdade entre homens e mulheres é fundamental a leitura das obras de escritoras negras. Conceição Evaristo é uma das mais expressivas escritoras negras brasileiras da atualidade e sua obra aborda questões relevantes para compreender temas como racismo, ancestralidade e feminismo negro. Confira o Encontros de Interrogação com Conceição Evaristo.
3. Estrelas além do tempo (2016)
O filme conta a história de três mulheres negras, Katherine Johnson, Doroty Vaughan e Mary Jackson. Elas atuam num centro de Matemática da NASA e têm o desejo de colaborar para que os Estados Unidos se destaquem na corrida espacial. As três são inteligentes, destemidas, engajadas e, apesar de todas as dificuldades relacionadas ao machismo e ao racismo, não desistem de seus propósitos. O filme pode ser fonte de grande inspiração para as meninas.
4. Geledés
Sueli Carneiro é uma das mais importantes intelectuais negras da atualidade. Ela é o principal nome ligado ao site Geledés, que tem o compromisso com a produção e a veiculação de conteúdos que ajudem a dar visibilidade à questão do racismo e da violência contra a mulher.
5. Girl’s Talk Capão Redondo – Vamos colocar as meninas no centro do debate?
Viviana Santiago, gerente da Plan Internacional, entidade que atua na defesa dos direitos das meninas, fala sobre as vulnerabilidades as quais são expostas as meninas e as implicações disso para as suas vidas.
6. Nise, o coração da loucura (2016)
Nise da Silveira é um dos grandes nomes da psiquiatria. Única mulher de sua turma a se formar médica, começou a atuar nos manicômios do Rio de Janeiro e percebeu o quanto os tratamentos propostos às pessoas em processos de adoecimento psíquico eram opressores e pouco efetivos. Nise revolucionou a psiquiatria, promovendo alternativas para tratamentos mais humanitários, como a pintura, a escultura, o contato com os animais, a reinserção dos pacientes à vida familiar e social. A história de Nise é uma inspiração para que as meninas reconheçam a possibilidade de construção identitária para além do casamento e da maternidade.
*Este filme está disponível no catálogo do Netflix.
7. Preciosa, uma história de esperança (2009)
O filme narra a história de Claireence, uma jovem negra que sofre uma série de violações de direitos. Ela empreende uma jornada em busca de se conhecer e de se insurgir contra os desafios e dificuldades impostos. O longa pode funcionar como ponto de partida para discutir questões relacionadas à violência doméstica, racismo, abuso sexual e violência na escola.
8. Rede GRUMIN de Mulheres
A Rede GRUMIN de Mulheres é formada por mulheres indígenas, aldeadas e das cidades, discriminadas social, sexual e racialmente, como indígenas de miscigenação afrodescendente. A rede GRUMIN dispõe de um site e de uma rádio, que veiculam conteúdos importantes sobre as ações, o trabalho e as especificidades dos povos indígenas no Brasil.
9. Saúde mental e gênero – Laboratório de Psicopatologia, Psicanálise e Linguagem do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília
Nos três vídeos propostos, a pesquisadora Valeska Zanello discute os processos de subjetivação de homens e mulheres na nossa cultura. Ela mostra como somos interpelados a performar dentro de determinados estereótipos de gênero e como esses estereótipos se tornam questões identitárias para homens e mulheres. Os vídeos são fundamentais para entender questões como: porque as mulheres sofrem por amar e porque os homens empreendem atos violentos contra elas.
10. TED – Kimberle Crenshaw
Todo debate que busque contemplar o tema gênero deve observar outros fatores que interpelam as mulheres. Tanto mullheres brancas quanto mulheres negras sofrem violações de direitos por serem mulheres, mas as mulheres negras também sofrem por questões relacionadas ao racismo e à questão de classe. No vídeo, Kimberle Crenshaw apresenta as implicações relacionadas a gênero, classe e raça. A partir da palestra de Crenshaw é possível entender o conceito interseccionalidade no debate sobre desigualdade entre homens e mulheres.
Gina Vieira Ponte de Albuquerque. Graduada em Letras (Português-Literatura) pela Universidade Católica de Brasília e mestranda em Linguística pela UnB (Universidade de Brasília). É professora efetiva da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, desde abril de 1991. Autora e executora do Projeto Mulheres Inspiradoras, vencedor do I Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, concedido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos, e do Prêmio WEDO Brazil, promovido pela Women’s Entrepreneurship Day Organizacional Brazil. Entre outras premiações nacionais, recebeu o 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, o 8º Prêmio Professores do Brasil e o 10 Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero.