Educar contra a “aporofobia”

08 fevereiro 2025
Cada pessoa vale por si mesma e não deve ser considerada apenas pelo que pode ser obtido dela. (Imagem: iStock).

Em 2017, a filósofa Adela Cortina cunhou o termo "aporofobia" para se referir à rejeição de pessoas pobres. Essa predisposição para deixar de lado aqueles que acreditamos que não contribuirão em nada é excludente e vai contra o respeito por si mesmo e pelos outros.

  • Por analogia com o termo xenofobia, a rejeição e o desprezo pelos estrangeiros, perguntei-me se rejeitamos tanto os estrangeiros ou se rejeitamos os estrangeiros pobres. Há uma diferença considerável em relação a um estrangeiro que vem comprar um apartamento muito caro e que recebe imediatamente a nacionalidade, ou um cantor da moda, ou um jogador de futebol… não nos incomoda quando eles vêm. Pelo contrário, ficamos arrasados se não vierem. Aporofobia é um flagelo social e deve receber um nome, porque o que não é visível não existe. Do ponto de vista da antropologia evolutiva, os seres humanos são recíprocos. Estamos dispostos a dar para receber. Vivemos em uma troca de favores, dinheiro, votos, empregos… Excluímos aqueles que não parecem ter nada de interessante para trocar, que não têm nada de interessante para dar. Ou assim acreditamos. É importante perceber que cada pessoa vale por si mesma e não deve ser levada em conta pelo que pode ser obtido dela. Todos nós temos um valor. Mas preferimos não ver isso. Deixamos de lado até mesmo os membros de nossa própria família que são pobres porque podem nos envergonhar socialmente por isso. Nosso cérebro é aporofóbico, temos uma predisposição para deixar de lado aqueles que não nos dão nada em troca. Entretanto, ter uma predisposição não significa ter uma obrigação. Isso pode ser corrigido. Precisamos desativar a aporofobia e promover outras dimensões do nosso cérebro que sejam muito mais positivas. (Adela Cortina, professora de Ética e Filosofia política).

 

Reconhecer o pobre como sujeito de direitos

Ao conversar com os alunos sobre a aporofobia, devemos enfatizar o respeito por si mesmo e pelos outros e conscientizá-los do seguinte:

 

Como educar sobre a aporofobia? Algumas diretrizes

  1. Abordar os conceitos de pobreza crime de ódio por aporofobia.
  2. Influenciar no respeito pela dignidade de cada pessoa, mesmo que viva na pobreza.
  3. Defender os direitos humanos de pessoas em situação de pobreza.
  4. Conscientizar sobre a importância do ODS 1 Fim da pobreza e dar exemplos de limpeza social e indiferença por preconceito.
  5. Realizar alguma atividade no Dia internacional de combate ao discurso de ódio.
  6. Analisar preconceitos e discursos de ódio com relação à pobreza.
  7. Falar sobre a educação inclusiva diante de situações de pobreza.
  8. Oferecer atividades para conscientizar os alunos sobre a pobreza e propor dinâmica para sensibilizar sobre pessoas em situação de rua.
  9. Comentar experiências de aproximação da escola de pessoas em situação de rua.
  10. Recomendar leituras sobre pessoas em situação de pobreza e consultar relatórios sobre pobreza e desigualdade.