Pautas para aprender a valorizar às pessoas migrantes

05 março 2025
O melhor da migração é que destrói os preconceitos, que estão em ambos os lados, por meio da inter-relação (imagem: iStock).

Os migrantes são vítimas de um mundo globalizado desigual e injusto. A educação pode lhes ajudar a seguir adiante, mas também ajuda aos países de acolhida a serem melhores, a compreender e aceitar ao outro.

  • Os migrantes são os aventureiros dos tempos modernos, empurrados pela sua situação. Por isso, falo de heroísmo por obrigação, sem importar os riscos que se correm. Trata-se da migração da desesperança e do medo, os movimentos da miséria que levam a muitas pessoas a colocarem em risco sua vida. Os governos ocidentais falam continuamente de direitos humanos, mas carecem de políticas que obedeçam a esses princípios. Os migrantes são os heróis do tempo moderno. Ao fugir de seus países, demonstram-nos que existe a possibilidade de fugir no nosso lugar. Por isto, muita gente não gosta dos migrantes: são a prova de que qualquer lugar, por definitivo qu e nos pareça, pode ser abandonado. Dito de outra maneira: recorda-nos que nós também podemos ser migrantes. O problema da migração é que, por um lado, é positivo que os migrantes construam individualmente seu lugar; mas, por outro lado, é negativo que não consigam adaptar-se nem dialogar com o país que os acolhe e se resistam a abandonar seus costumes, aferrando-se a eles em nome da cultura. É uma contradição querer construir seu lugar em um novo lugar, mas sem um processo de adaptação ao lugar que chega. O melhor da migração é que destrói os preconceitos, que estão por ambos os lados, e que devem diluir-se por meio da inter-relação. É absurdo dizer que os migrantes são um perigo ou que estão relacionados com o terrorismo; os migrantes são os pobres que o mundo globalizado criou. Volto, por tanto, à utopia da educação: a educação ajudaria aos pobres e, em concreto, aos migrantes a seguir adiante, mas nos ajudará, aos países ricos, a compreender e aceitar o outro (Marc Augé, antropólogo).

 

De um lugar próprio a outro desconhecido

Ao falar aos alunos sobre as pessoas migrantes, devemos considerar o seguinte:

  • Ter um bom conhecimento das razões de migrar.
  • Conhecer iniciativas de inclusão para pessoas migrantes.
  • Ter empatia com quem migra, considerando as situações pelas quais passa.
  • Entender que, em certo modo, todos somos pessoas migrantes.

 

Como educar para valorizar as pessoas migrantes? 

Algumas pautas:

  1. Abordar os conceitos de pessoa migrante e pessoa refugiada.
  2. Vincular a valorização dos migrantes com o respeito aos direitos humanos.
  3. Dar a conhecer a situação dos menores migrantes não acompanhados.
  4. Organizar alguma atividade educativa no Dia Internacional do Migrante.
  5. Proporcionar aos professores ferramentas didáticas sobre as migrações e ajudar-lhes a elaborar uma lista de atitudes ante as migrações.
  6. Aproximar às aulas histórias de pessoas migrantes, sem paternalismos nem preconceitos, e analisar falsidades e farsas.
  7. Conhecer os problemas de escolarização dos menores migrantes.
  8. Refletir acerca das oportunidades e dos desafios da integração dos migrantes nas aulas e educação inclusiva.
  9. Destacar gestos de integração de pessoas migrantes por parte dos alunos.
  10. Divulgar leituras e consultar informes sobre as pessoas migrantes.