A formação de leitores e leitoras polivalentes

14 dezembro 2025
A leitura literária é essencial na construção da nossa identidade e um meio de compreender o mundo, os outros e a nós mesmos (imagem: iStock).

Este artigo analisa e apresenta as habilidades necessárias para o desenvolvimento de leitores versáteis — isto é, leitores capazes de se engajar em práticas de leitura em diversos formatos, mídias e tipos de texto. Essas práticas de leitura baseiam-se na capacidade de compreender e interpretar textos, criando significado e uma representação unificada dos mesmos.

Por que é importante ensinar a ler?

Vivemos imersos/as em textos escritos, do momento em que acordamos ao que vamos dormir (e muitas vezes sonhamos com palavras grafadas por nossos inconscientes). Necessitamos da capacidade de ler para nos movimentar pela cidade (lendo placas de rua, de ônibus, de orientação nas estações de metrô), para consumir os bens de que precisamos ou que desejamos (lendo nomes de marcas e especificações de produtos no supermercado, especificações de celulares, de máquinas de lavar roupa, de carros etc.), para nos divertir (lendo livros de literatura, quadrinhos, jornais, revistas, poesia etc., lendo legendas de filmes quando vamos ao cinema, lendo textos nas redes sociais). Todas essas instâncias de leitura podem surgir em uma discussão sobre a importância da ação de ler. Contudo, nos interessa aqui deslocar o foco do debate para a palavra “ensinar”.

François Bresson, pesquisador francês, em seu artigo “A leitura e suas dificuldades” (2001), chama a atenção para o fato de que, ao contrário da linguagem oral –única forma da língua que poderia ser considerada “natural”, no sentido de que pode ser adquirida no contato com a palavra do outro, sem ser explicitamente organizada e socialmente dirigida–, a escrita e a leitura não podem ser objetos de um procedimento espontâneo de aquisição. São práticas sociais instituídas, que não são transmitidas pelo simples contato com a escrita ou pela observação de alguém lendo. Ou seja, as capacidades de leitura e de escrita dependem do ensino para que possam ser adquiridas e desenvolvidas, cabendo à escola um papel central na formação e no desenvolvimento de práticas de leitura.

No Brasil, não podemos responsabilizar as famílias de origem de estudantes pelo desinteresse deles e delas pela leitura ou mesmo pela ausência de familiaridade com práticas de leitura literária. Por vezes ouvimos de professores e professoras que a falta de interesse pela leitura seria um problema que os/as alunos/as trariam de casa. No entanto, nossa responsabilidade como docentes dentro do espaço escolar é justamente fomentar o interesse pela leitura e pelos objetos de leitura (livros de literatura e de informação, revistas, textos publicados nas redes etc.), trabalhar com as dificuldades de compreensão e de interpretação que pudermos identificar e levar nossos alunos e alunas a desenvolverem diversas práticas de leitura que possam prepará-los/as para vida adulta.

Assim, devemos nos perguntar: Quais os objetivos na formação dos jovens leitores e leitoras? O leitor e a leitora de hoje não são apenas receptores/as, mas também produtores/as de textos. Quais as abordagens possíveis na formação de um/a leitor/a-escritor/a polivalente?

Seis competências necessárias 

Neste artigo, trataremos de competências necessárias à formação de um leitor e uma leitora polivalentes, ou seja, leitores/as capazes e conhecedores/as de diversas práticas de leitura. Abordaremos a competência leitora em diversas modalidades de leitura, em diversos os suportes de leitura, em diferentes objetos a serem lidos, trataremos da capacidade do/a leitor/a de se movimentar em diversos espaços de leitura e da competência leitora em variados tipos de texto. Levantaremos, assim, questões importantes quando tratamos da formação de jovens sujeitos leitores, destacando que tais práticas de leitura estão fundamentadas na capacidade de se compreender e de se interpretar textos, criando para eles um sentido, uma representação unificada.

  • Competência 1 – Leitor/a competente em todas as modalidades de leitura: em voz alta; em silêncio; com velocidade, seletivamente; lentamente, de forma analítica.

Tradicionalmente, a escola costuma formar leitores e leitoras capazes de ler em voz alta e silenciosamente, ou, pelo menos, deveria formá-los/as. Contudo, considerando os resultados que observamos na prática, percebemos que são poucos os/as leitores/as realmente capazes de ler bem um texto em voz alta. Ao observarmos a performance leitora de adultos/as em geral, notamos o mesmo: a maioria não aprendeu na escola a praticar adequadamente esse tipo de leitura. Trata-se de uma atividade complexa, que exige treino, interpretação, escolhas conscientes, estratégias de ação e critérios claros na formação dos leitores/as. Nesse sentido, ainda há muito a desenvolver nas práticas escolares, e projetos que fomentem a leitura oral em sala de aula podem auxiliar enormemente nesse processo.

Também verificamos que muitas crianças leem silenciosamente, mas continuam a mover os lábios enquanto leem-, isto é, continuam “falando” o texto durante a leitura silenciosa. Essa prática tampouco é simples e só pode ser adquirida com muito treino: é preciso ler silenciosamente com frequência para desenvolver fluência. Por isso, é fundamental abrir espaço na sala de aula para que a leitura silenciosa possa ser exercitada. Caso contrário, nossas crianças continuarão enfrentando dificuldades para ler silenciosamente os textos exigidos pela escola, pelos exames e pela vida cotidiana e do trabalho.

No caso da leitura veloz e seletiva, trata-se de oferecer aos estudantes oportunidades de desenvolver uma leitura mais rápida, capaz de selecionar informações necessárias ou desejadas em um texto. Essa prática pode ser trabalhada em sala de aula por meio de atividades que proponham, por exemplo, a busca de informações específicas dentro de um tempo determinado. Ainda assim, é essencial respeitar o ritmo e os limites de cada estudante, acompanhando-os/as na progressão dessas diferentes modalidades de leitura.

A leitura lenta e analítica também é essencial. É por meio dela que o/a estudante aprende a estudar: planejar sua trajetória como aprendiz, organizar os conhecimentos adquiridos e construir autonomia intelectual.

Ao considerarmos apenas essa primeira competência -a das diferentes modalidades de leitura- já se abre para professores/as e escolas um campo de trabalho amplo, consistente e extremamente produtivo no desenvolvimento de práticas leitoras.

  • Competência 2 – Leitor/a competente em todos os suportes de leitura: Livros impressos e revistas; Textos eletrônicos em leitores digitais, no computador, no celular, nas redes sociais

Com os suportes antigos de leitura, como livros impressos e revistas, já estamos acostumados a trabalhar em sala de aula. O papel tem sido um aliado do/a professor/a há décadas. Mesmo considerando possíveis dificuldades cognitivas de estudantes e a falta de familiaridade com o objeto livro, especialmente em contextos socioeconômicos menos favorecidos, o suporte impresso raramente representa um problema imediato para a prática pedagógica. Já o uso de novas tecnologias em sala de aula, por outro lado, suscita diversas questões.

Nós, brasileiros, utilizamos a internet em larga escala: somos o quinto país em número de internautas no mundo, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Mas… será que nossos/as estudantes estão realmente preparados para realizar boas leituras na rede? São capazes de aproveitar adequadamente o que leem na internet? Sabem fazer uma pesquisa documental de qualidade, selecionando fontes confiáveis, extraindo informações relevantes e reformulando esse conteúdo com autonomia?

O tempo que crianças e jovens passam diante das telas é impressionante, e essa prática de leitura digital se tornou uma preocupação constante de mães, pais, professores e professoras. Por isso, tais práticas devem ser consideradas no processo de formação de leitores e leitoras. É fundamental ensiná-los/as a buscar informações corretas, verificar a credibilidade das fontes, selecionar conteúdo pertinente em pesquisas e se apropriar das informações, evitando simplesmente copiar textos encontrados nos primeiros links do Google ou acreditar em conteúdos sem veracidade criados por inteligência artificial.

Para isso, professores, professoras, mães e pais deveriam poder contar com o apoio de bibliotecários e bibliotecárias, que desempenham papel essencial no desenvolvimento dessas práticas de leitura e pesquisa. Quando presentes nas escolas -algo infelizmente raro no Brasil- esses profissionais podem orientar o uso adequado de ferramentas digitais, auxiliar nas buscas e ensinar estudantes a checarem a confiabilidade das informações.

De todo modo, se por um lado a escola não pode ignorar as práticas pessoais de leitura de jovens -como o uso de redes sociais, celulares e outras formas digitais- sob pena de se distanciar cada vez mais das práticas sociais contemporâneas, por outro lado, ao trazer essas práticas para a sala de aula, é preciso reconhecer que elas transformam a dinâmica escolar. Novas relações entre professores/as e estudantes e entre os/as próprios/as jovens e o conhecimento passam a surgir.

Regras claras tornam-se necessárias no uso dos novos suportes de leitura e na incorporação dessas práticas sociais. É preciso construir uma nova ética de comportamento na escola, garantindo que os/as estudantes tenham voz na elaboração dessas regras, condição importante para que sejam respeitadas. Dessa forma, podemos alcançar o objetivo de formar leitores e leitoras capazes de desenvolver práticas de leitura em todos os suportes: tanto os tradicionais quanto os digitais.

  • Competência 3 – Leitor/a competente em todos os tipos de texto (textos informativos e documentais, textos literários)

Comecemos pelos textos documentais e informativos. A leitura desse tipo de texto requisita do leitor e da leitora diversas competências. Nesse caso, a leitura se torna uma questão não só de cultura, mas também de tratamento da informação buscada. Sobre a leitura de textos informativos e documentais, podemos destacar que:

  • O/A leitor/a precisa saber procurar as fontes: ser capaz de identificar as fontes de informação, tanto nos textos impressos como nos virtuais (ação de busca).
  • O/A leitor/a precisa saber avaliar a pertinência de uma informação, sua qualidade e utilidade: uma pesquisa no Google, por exemplo, requer que o/a aluno/a seja capaz de selecionar, dentre os links oferecidos, aquele que tem qualidade, que tem a maior credibilidade. Essa pesquisa pressupõe inclusive o conhecimento de que os primeiros links oferecidos pelos buscadores muitas vezes pagam para estar nos primeiros lugares (ação de seleção).
  • O/A leitor/a precisa saber localizar a informação útil na fonte escolhida: essa não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes dispomos de páginas e páginas de documentos (ação de extração).
  • O/A leitor/a precisa aprender a extrair a informação, para arquivá-la e para reformulá-la: dessa maneira, o leitor se apropria da informação coletada e a transforma em conhecimento próprio (ação de apropriação).
  • O/A leitor/a precisa também ser capaz de utilizar a informação coletada para construir um novo texto, oral ou escrito, que seja fruto das articulações que ele produzirá a partir do conhecimento adquirido (ação de criação).

Já com relação à leitura de textos literários e ficcionais, é preciso destacar que ensinar a leitura literária pode significar criar as condições necessárias para que os alunos e alunas se desenvolvam efetivamente como leitores e leitoras, não apenas de textos literários, mas também de outros tipos de textos. A leitura literária é uma porta fundamental para a entrada no mundo da cultura escrita. Trata-se, portanto, da formação de leitores/as literários/as, do estabelecimento de uma prática de leitura em sala de aula, de uma prática de debate sobre os textos, da constituição de um repertório compartilhado pelos/as alunos/as, da formação de comunidades de leitores e leitoras.

Isso acontece porque a literatura pode levar à discussão de temas que toquem em questões sociais (tais como racismo, discriminação etc.). Ela também pode levar a uma abertura de horizontes, tocando em temas não apenas locais, mas universais. A literatura pode levar ao reconhecimento de nós mesmos no outro, em alguém que é diferente de nós. E a literatura pode levar ao conhecimento de outras realidades, diferentes da que vivemos. Assim, a leitura literária é imprescindível na construção da nossa identidade, e é também um meio para que possamos conhecer o mundo, os outros e a nós mesmos.

  • Competência 4 – Leitor /a competente em todos os objetos a serem lidos

Muitos/as estudantes não sabem exatamente o que é um paratexto. Como sabemos, trata-se de um conjunto de elementos periféricos que acompanham uma obra escrita impressa em formato de livro de papel ou disponibilizado em suporte digital: o título; o nome do/a autor/a; a epígrafe, fragmento de texto que serve de introdução ao assunto que será tratado na obra; o prefácio, que apresenta o texto; o posfácio, que traz uma explicação ou advertência colocados ao fim de um livro; as orelhas, que dão ao/à leitor/a informações sobre o texto e/ou sobre seu/sua autor/a; a contracapa, que busca seduzir o/a leitor/a apresentando a ele um trecho do próprio texto, trechos de críticas favoráveis etc.; o índice ou sumário, que muitos alunos e alunas não sabem bem como usar, mas que pode ser uma ferramenta muito útil na movimentação dentro de uma obra.

Tais elementos podem orientar a leitura do texto, informando sobre diversos de seus aspectos. A prática de leitura de todos esses paratextos é importante para que os/as jovens leitores/as saibam como se movimentar dentro do espaço de um livro. O conhecimento sobre esses diferentes textos pode levá-los/as a, por exemplo, optar por ignorar um prefácio – que não precisa de modo algum ser lido antes que se leia o livro –, ou a escolher começar pelo posfácio, dependendo de quem o escreveu. A capacidade de identificar em um índice ou sumário os capítulos ou partes de um livro que interessam ao/à leitor/a também constitui importante estratégia de leitura.

Além disso, os intertextos representam muitas vezes um obstáculo à leitura de um texto. Muitos alunos e alunas não têm as referências necessárias para compreender as relações intertextuais propostas nos textos que leem. Um livro infantil que trabalhe com a paródia da pintura da Monalisa, por exemplo, só será compreendido se o/a estudante conhecer a pintura original de Leonardo da Vinci. A intertextualidade só pode ser percebida e compreendida, ou seja, só pode ser lida, se o/a leitor/a tiver um repertório de leitura, se ele/a conhecer os textos aos quais outros textos se referem, e esse repertório só a escola pode fornecer. Por isso tudo, torna-se imprescindível e importantíssimo o trabalho com diversas práticas de leitura na escola.

  • Competência 5 – Leitor/a capaz de se movimentar em diversos espaços de leitura

A capacidade de se movimentar em diversos espaços de leitura também é fundamental na formação de jovens leitores e leitoras. Muitos de nós, leitores/as experientes, sabemos como nos localizar e como nos comportar dentro de uma biblioteca, por exemplo. No entanto, tal capacidade não é “natural” e precisa ser aprendida, ou seja, essa competência de movimentação em espaços de acervo de livros deve ser ensinada. Um/a jovem leitor/a precisa aprender a se localizar e a se movimentar em espaços ordinários e extraordinários de leitura. Podemos considerar espaços ordinários as bibliotecas da escola, do bairro, de centros culturais, as livrarias, as bancas, quando existem etc. Além disso, também os espaços extraordinários de leitura, como blogs, sites de livros digitais, sites de comentários sobre livros, sebos digitais etc., redes sociais, fanfics, merecem a nossa atenção.

Por isso, é importante indagar se o/a aluno/a sabe: Como se mover e como se comportar em bibliotecas escolares e em bibliotecas de bairro; Como se localizar dentro de uma livraria; Como se movimentar em uma biblioteca virtual; Como encontrar e escolher livros vendidos on-line; Como estão organizados esses diversos espaços e como estão organizados os livros dentro deles; Como se deve proceder para se ter acesso a um determinado objeto de leitura; Como se deve proceder para se buscar um determinado livro ou um livro sobre um determinado assunto. Todas essas ações precisam ser ensinadas na escola.

Em nossa pesquisa sobre as práticas de leitura literária de adolescentes em quatro escolas paulistanas (Oliveira, 2022), ao conversar com as bibliotecárias, pudemos perceber que elas se assustavam com o fato de que os/as alunos/as frequentassem as bibliotecas de suas escolas sem nenhum material para anotação. Ou seja, quando eles iam à biblioteca, não levavam lápis ou caneta, não levavam caderno ou agenda onde pudessem anotar em que lugar específico daquele espaço não tão pequeno os livros estavam guardados. Os/As alunos/as tampouco aventavam a possibilidade de que poderiam querer anotar algum trecho de livro que tivessem folheado ou mesmo o nome de um livro ou autor que pudessem querer consultar depois. Eles/as não tinham, portanto, o hábito de fazer anotações, que certamente poderia ajudá-los/as na movimentação dentro da biblioteca escolar. Se considerarmos a ação de “tomar notas”, tanto do espaço em que estão os livros, como de seus/suas autores/as ou de trechos que se mostrem importantes, como uma estratégia de movimentação dentro de um acervo específico, torna-se importante ensinar essa estratégia aos alunos. Obviamente, hoje em dia, essas notas podem se transformar em fotos ou anotações digitais em um celular, caso ele seja aceito dentro do espaço de pesquisa. Nesse caso, o importante passa a ser aprender como arquivar, ou como guardar essas notas e fotos de modo a se poder recorrer a elas no futuro, quando for necessário. 

  • Competência 6 – Leitor/a capaz de se movimentar em sua prática pessoal de leitura

E, por fim, o/a leitor/a precisa ser capaz de se posicionar em relação a sua prática pessoal de leitura. Como leitores/as, precisamos ter consciência de nossas próprias práticas de leitura, conhecer nossas proficiências, nossas performances, nossas estratégias de leitura, nossos hábitos de leitura, nossos gostos e nossas deficiências. Isso significa saber fazer a crítica de nossas práticas de leitura, para poder ampliar nosso campo de leitura. Isso significa também saber em que momento do dia temos mais aptidão para a leitura, quando queremos ler ou precisamos ler um livro à procura de informação; quando queremos ler por mera distração ou diversão; quando queremos mergulhar em um livro de literatura e viajar para outro mundo. Essa capacidade autorreflexiva sobre uma prática própria de leitura é fundamental para que possamos saber o que ainda precisamos desenvolver como leitores e leitoras.

Considerações finais

A formação de leitores e leitoras é um processo amplo, contínuo e profundamente atravessado pelas práticas sociais, culturais e institucionais que organizam a vida escolar. Ensinar a ler envolve muito mais do que garantir a decodificação de palavras: requer oferecer múltiplas oportunidades de contato com textos variados, construir repertórios compartilhados, favorecer experiências sensíveis e críticas, ampliar a circulação por diferentes espaços de leitura e apoiar o desenvolvimento de práticas pessoais que permitam aos/às estudantes compreender quem são como leitores/as.

As seis competências apresentadas neste artigo demostram que a leitura é uma atividade complexa, que se consolida na intersecção entre capacidades cognitivas, culturais, sociais e afetivas. A escola, ao assumir seu papel como mediadora dessas práticas, torna-se espaço privilegiado para o desenvolvimento das competências necessárias ao letramento pleno. Para isso, é fundamental que professores e professoras se reconheçam como modelos de leitores, que projetem ações de mediação intencionais e que compreendam a importância de construir comunidades de leitores dentro da vida escolar.

Promover a leitura é, portanto, promover humanidade, pertencimento e autonomia intelectual. Ao formar leitores e leitoras polivalentes, contribuímos para que cada estudante possa participar de forma crítica, sensível e informada da cultura escrita que estrutura nossa sociedade — garantindo, assim, um direito fundamental: o direito à literatura, à interpretação e ao pensamento.


Gabriela Rodella de Oliveira é doutora em Educação; professora adjunta da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

 

 

Referências

  • Bresson, François (2001). A leitura e suas dificuldades. In: Chartier, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo: Estação Liberdade.
  • Oliveira, Gabriela Rodella de (2022). Práticas de leitura literária de adolescentes e a escola: tensões e influências. São Paulo: Alameda.